Projeto Memoráveis do Brasil – Covid-19 conclui fase de pesquisa em junho

Neste mês de junho (2024), a fase de coleta de dados para o projeto Memoráveis do Brasil – Covid-19 será concluída. Liderado pelo Ponto de Memória do Grande Bom Jardim, em Fortaleza, o projeto trabalha na construção do memorial em homenagem às vidas perdidas para a Covid-19,por meio do edital Prêmio Pontos de Memória Edição Helena Quadros, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC).

O Memoráveis do Brasil conta com a participação de sete dos doze primeiros Pontos de Memória identificados pelo Programa Pontos de Memória, do Ibram: Ponto de Memória Grande Bom Jardim (Fortaleza, CE); Ponto de Memória da Terra Firme (Belém, PA); Museu de Favela (Rio de Janeiro, RJ); Museu Cultura Periférica (Maceió, AL); Ponto de Memória Museu do Taquaril (Belo Horizonte, MG); Museu da Periferia Sítio Cercado (Curitiba, PR); e, Ponto de Memória da Estrutural (Brasília, DF).

A metodologia do projeto envolve a busca ativa de nomes de vítimas fatais da Covid-19 por cada um dos Pontos de Memória. Os dados são coletados presencialmente, através de formulários que incluem informações básicas sobre a vida da pessoa falecida, minibios e fotos em alta qualidade. Os dados são então sistematizados e publicados em uma plataforma digital, acompanhados de Termos de Consentimento e Uso de Imagem assinados pelos representantes familiares. 

O sociólogo e coordenador o projeto, Adriano Almeida, explica que o projeto tem como objetivo documentar os impactos da maior crise sanitária da história, através do afeto, da memória e do registro consentido de familiares. “O país passou pela maior perda coletiva, provavelmente, de sua história. Algo parecido talvez tenha sido na colonização, com dizimação de indígenas e de população africana escravizada. E tudo acontece em meio a um processo avassalador de ódio e de antipatias ideológicas. Portanto, é imperativo cuidar da dor de mais de 712 mil famílias brasileiras para podermos seguir e prosperar”, afirma o pesquisador. 

A iniciativa oferece um espaço para apoio emocional a familiares e amigos enlutados, buscando curar a dor e cuidar do luto que assola o país. Adriano Almeida acredita que o projeto ainda se coloca como instrumento de renovação dos tecidos sociais. “Há uma teia entre os 12 territórios periféricos que contribuíram, desde 2009, com a construção da política nacional em memória social e museologia comunitária, a primeira da América Latina. É tempo de união e de reconstrução”, disse o sociólogo.  

As fases do Projeto 

A primeira fase foi caracterizada pelo conjunto das ações: pactuação político-institucional de 7 pontos de memória para correalização do projeto; identificação e composição de 7 equipes de pesquisadores locais; criação coletiva da identidade visual, logomarca, artes das peças publicitárias e do site institucional; e, por fim, busca ativa de 70 famílias e aplicação do instrumento de coleta de dados.  

A segunda fase será marcada pela execução das peças publicitárias e envio aos pontos de memória participantes; pela sistematização dos dados e composição textual de, pelo menos, 70 minibios; pela finalização da composição de conteúdo do site institucional, com finalização do memorial. 

A terceira e última fase será marcada por um itinerário de 7 lançamentos do memorial MEMORÁVEISBR-Covid-19, sendo 1 em cada um dos pontos de memória participantes, representantes das 5 regiões brasileiras. 

A COVID-19 no Brasil e o negacionismo  

Em menos de dois anos, o Brasil perdeu mais de 700 mil vidas para a Covid-19, sendo o segundo país do mundo em número de mortes, atrás apenas dos EUA. Mais da metade dessas mortes poderiam ter sido evitadas, refletindo uma decisão política baseada no negacionismo. 

Na fase de coleta de dados, a pesquisadora do Ponto de Memória da Estrutural, em Brasília, Abadia Teixeira, relata que a maior problemática da pesquisa de campo está relacionada ao negacionismo. “As pessoas têm resistência em reconhecer a causa da morte, não querem falar. Existem mortes recentes e que as famílias evitam afirmar ser Covid”, revela Abadia. 

Já em outro ponto do país, o Ponto de Memória Museu do Taquaril, em Belo Horizonte (MG), a pesquisadora Edneia Aparecida Souza, afirma que a comunidade está orgulhosa em poder fazer homenagem às pessoas que perderam a vida na pandemia e deixaram seus legados. “Uma das homenageadas é a senhora Maria de Lourdes, mais conhecida como a Xuxa do Taquaril, mulher que apesar das limitações, ainda em 1984, integrou a passeata que percorreu ruas e avenidas do Centro da capital mineira, na luta pela moradia digna, e consequentemente, a conquista do que é hoje o território de Taquaril, com mais de 45 mil moradores. Ela faleceu no final de 2021”, ressalta Edneia. 

Outras pesquisadoras envolvidas no projeto, como Paula Gisely Silva Santos e Jéssica Seabra do Ponto de Memória Terra Firme (Belém-PA), compartilham que a coleta de dados têm sido uma fase importante do projeto. “Não tem preço o que essa iniciativa vem fazendo para homenagear pessoas que perderam a vida para o covid-19. O impacto dessa ação é justamente a possibilidade de visibilizar a memória daquelas pessoas marcantes no bairro da Terra Firme, aqui em Belém”, comenta Paula Santos. “Esse projeto vem para homenagear pessoas que perderam a vida para o Covid 19. A maior experiência de campo dessas entrevistas vem através da emoção, do acolhimento das famílias que perderam seus entes queridos”, destacou Jéssica. 

Erick Maciel, pesquisador do Ponto de Memória Grande Bom Jardim (Fortaleza-CE), ressalta a importância do projeto para a memória histórica e afetiva da comunidade. “Podemos reconhecer e destacar os que passaram por aqui, fizeram a sua história, pessoas que muitas vezes trabalharam em prol da comunidade. O Memoráveis do Brasil vem resgatar esse contexto e dar visibilidade às grandes lideranças”, acredita Erick. 

O projeto é um tributo ao afeto e ao respeito pelas vidas perdidas, e um esforço para manter viva a memória dessas pessoas nas comunidades onde viveram e fizeram história. 

Contatos  

Assessoria de Comunicação do Instituto Brasileiro de Museus 
E-mail: ascom@museus.gov.br 
Telefones: (61) 3521-4436 ou 4039 

Assessoria de Imprensa do Ponto de Memória Grande Bom Jardim
Jocasta Pimentel 
E-mail: jornalistajocasta@gmail.com 
Telefone: (85) 98750-0703