Liderado pelo Ponto de Memória do Grande Bom Jardim, em Fortaleza, o projeto trabalha na construção do memorial em homenagem às vidas perdidas para a Covid-19, por meio do edital Prêmio Pontos de Memória Edição Helena Quadros, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC).
O Memoráveis do Brasil conta com a participação de sete dos doze primeiros Pontos de Memória identificados pelo Programa Pontos de Memória, do Ibram: Ponto de Memória Grande Bom Jardim (Fortaleza, CE); Ponto de Memória da Terra Firme (Belém, PA); Museu de Favela (Rio de Janeiro, RJ); Museu Cultura Periférica (Maceió, AL); Ponto de Memória Museu do Taquaril (Belo Horizonte, MG); Museu da Periferia Sítio Cercado (Curitiba, PR); e, Ponto de Memória da Estrutural (Brasília, DF).
A metodologia do projeto envolve a busca ativa de nomes de vítimas fatais da Covid-19 por cada um dos Pontos de Memória. Os dados são coletados presencialmente, através de formulários que incluem informações básicas sobre a vida da pessoa falecida, minibios e fotos em alta qualidade. Os dados são então sistematizados e publicados em uma plataforma digital, acompanhados de Termos de Consentimento e Uso de Imagem assinados pelos representantes familiares.
O sociólogo e coordenador o projeto, Adriano Almeida, explica que o projeto tem como objetivo documentar os impactos da maior crise sanitária da história, através do afeto, da memória e do registro consentido de familiares. “O país passou pela maior perda coletiva, provavelmente, de sua história. Algo parecido talvez tenha sido na colonização, com dizimação de indígenas e de população africana escravizada. E tudo acontece em meio a um processo avassalador de ódio e de antipatias ideológicas. Portanto, é imperativo cuidar da dor de mais de 712 mil famílias brasileiras para podermos seguir e prosperar”, afirma o pesquisador.
A iniciativa oferece um espaço para apoio emocional a familiares e amigos enlutados, buscando curar a dor e cuidar do luto que assola o país. Adriano Almeida acredita que o projeto ainda se coloca como instrumento de renovação dos tecidos sociais. “Há uma teia entre os 12 territórios periféricos que contribuíram, desde 2009, com a construção da política nacional em memória social e museologia comunitária, a primeira da América Latina. É tempo de união e de reconstrução”, disse o sociólogo.
As fases do Projeto
A primeira fase foi caracterizada pelo conjunto das ações: pactuação político-institucional de 7 pontos de memória para correalização do projeto; identificação e composição de 7 equipes de pesquisadores locais; criação coletiva da identidade visual, logomarca, artes das peças publicitárias e do site institucional; e, por fim, busca ativa de 70 famílias e aplicação do instrumento de coleta de dados.
A segunda fase será marcada pela execução das peças publicitárias e envio aos pontos de memória participantes; pela sistematização dos dados e composição textual de, pelo menos, 70 minibios; pela finalização da composição de conteúdo do site institucional, com finalização do memorial.
A terceira e última fase será marcada por um itinerário de 7 lançamentos do memorial MEMORÁVEISBR-Covid-19, sendo 1 em cada um dos pontos de memória participantes, representantes das 5 regiões brasileiras.