O que Somos

Ponto de Memória do Grande Bom Jardim

O Ponto de Memória do Grande Bom Jardim é uma instância territorial de gestão comunitária de processos continuados participativos em memória social e museologia comunitária criada em 2010, no território do Grande Bom Jardim, região sudoeste de Fortaleza, Ceará.
O Ponto de Memória Grande Bom Jardim ou Museu Comunitário da Identidade Territorial Grande Bom Jardim, formado, em 2021, por quatro (04) coletivos associativos locais e moradores-pesquisadores, se utiliza das categorias memória social e museologia comunitária como instrumentos políticos para a promoção e afirmação de identidades institucionais e territoriais, com o objetivo de gerar as condições sociais e políticas do desenvolvimento local e dos direitos, usando os patrimônios (natural e cultural, vivo ou sacralizado) e a linguagem como estratégias de transformação social, que se constituiu ente político territorial e compõe a Rede de Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável do Grande Bom Jardim (Rede DLIS do GBJ).

Atualmente, a instância é composta pelas entidades: Associação de Umbanda São Miguel, Associação Comunitária dos Moradores do Vila Planalto Vitória, Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza, União dos Moradores do Bairro Canindezinho, Diálogos/Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e pelos moradores pesquisadores interessados nas temáticas mobilizadas: Ícaro  Amorim Martins, Diego Furtado.

Podemos afirmar que este movimento é político porque ele é resultado de uma deliberação consciente a partir das circunstâncias tangíveis da realidade, em meio a um campo de possibilidades e de escolhas. E essa deliberação somente é possível quando existe um sentimento recíproco de crença e de confiança entre os agentes envolvidos. Por conseguinte, a constituição e a sustentação de uma identidade dependem da relação do projeto e dos seus agentes envolvidos com o território, em um processo permanente de comunicação e de negociação.

O Ponto de Memória GBJ insere-se no contexto nacional de criação da autarquia federal Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e da primeira política federal latino-americana em memória social e museologia comunitária, o Programa Pontos de Memória, ao lado de outras onze (11) iniciativas comunitárias desta natureza de territórios periféricos de baixos Índices de Desenvolvimento Humano pelo Brasil. Atualmente, o Ponto compõe o Comitê Consultivo do Programa Pontos de Memória do IBRAM, representando os Pontos de Memória Pioneiros, portarias IBRAM, nº 315/2017 e 301/2019.

A perspectiva pela qual é vista a memória social pelo Ponto de Memória GBJ põe o homem comum, o morador periférico, o cidadão ordinário, oprimido pela avassaladora dinâmica de urbanização e de metropolização das cidades, no centro da narrativa sobre a história da sua comunidade, de forma a incluí-la decisivamente na sociedade, sobretudo, na sociedade política, no que tange gerar as condições de acesso aos espaços de decisão das suas estruturas de poder. A perspectiva da memória social, nestes termos, tem o propósito de situar centralmente a visão periférica nos espaços de tomada de decisão e conferir aos detentores da visão poderes de imposição, em condições de estabelecer relações de poder mais justas socialmente a fim de se garantir as condições necessárias para uma melhor qualidade de vida aos moradores de comunidades sócio espacialmente vulneráveis.

Em Raízes do Futuro – o patrimônio a serviço do desenvolvimento local, Hugues de Varine baseia- se no vínculo entre patrimônio, ação comunitária e desenvolvimento local sustentável. (VARINE, 2012). Dois princípios básicos são sustentados ao longo de sua obra. O primeiro é a afirmativa de que o patrimônio (natural ou cultural, vivo ou sacralizado) é o instrumento básico para o desenvolvimento local. O segundo princípio é decorrente do primeiro, que se apresenta na ideia de que o patrimônio é o DNA do território e da comunidade. A fotografia registra a visita de Varine ao Ponto de Memória GBJ, dezembro de 2012.

Foto: acervo Ponto de Memória GBJ/dez 2012

A experiência busca desenvolver processos continuados, comunitários, participativos  de pesquisa de inventário do patrimônio cultural do território Grande Bom Jardim, concebendo e desenvolvendo projetos narrativos em suporte museológico, tendo como lema: Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos. Sem responsabilidade talvez não mereçamos existir. José Saramago.